O projeto Casas no Rosário tem por suporte dois imóveis novecentistas, erigidos em paralelo e contíguos, com uma tipologia, compartimentação e volumetrias idênticas. Inseridos na malha do centro histórico portuense, na rua do Rosário, são dois edifícios habitacionais que formam um alçado simétrico, concordantes também, na modelação e tipologia, com as convenções do seu período construtivo, e com amplo logradouro a tardoz.
Não obstante esta harmonia, o início do processo de intervenção e reabilitação, mais concretamente o levantamento e inspeção, revelou que apesar de no seu interior as opções formais e ornamentais serem idênticas, o estado de deterioração de um dos imóveis era bastante mais avançado. Consequentemente, preconizou-se a opção de os dois edifícios se articularem como um conjunto, preservando-se a caixa de escadas passível de ser reabilitada.
O projeto preserva a volumetria original e elementos construtivos e decorativos da fachada orientada ao Rosário, e internamente, o espaço é pontuado por passagens rasgadas na parede de meação, fazendo fluir os espaços das frações habitacionais entre os dois imóveis, o que permitiu dotar as habitações de uma área mais ampla e desafogada, redefinindo os percursos no interior do conjunto.
Programaticamente preservou-se o espaço comercial no piso térreo e habitações nos pisos superiores, concebidas desde a fase do programa preliminar para o mercado de arrendamento acessível, numa altura em que a cidade carece significativamente de oferta de casas para famílias residentes, a preços ajustados à sua realidade.
O princípio da preservação pelo existente foi extensível a todos os elementos e suportes intervencionados, salvaguardando sempre que possível que o original fosse reintegrado no edifício agora restabelecido, reabilitado e transmutado, a “um estado completo que pode não ter existido nunca em um dado momento.” (1)
(1) VIOLLET-LE-DUC, Eugène Emmanuel. Restauração. Série Artes & Ofícios. São Paulo, Ateliê Editorial, 2000, p.18.
Consulte também a evolução do projeto.